domingo, 1 de julho de 2012

Contradição

Talvez e largue a poesia, pois o que é belo tem pouco espaço nesse mundo, e eu preciso de espaço, preciso respirar, mas também preciso da liberdade que só a poesia me oferece. Talvez eu abandone minhas canções e meu violão em um canto empoeirado do meu castelinho de melodias, pois a música é algo fútil aos ouvidos dos frágeis, mas quem sou eu fora da fortaleza que só a música sabe construir. Talvez eu esqueça como se escreve, pois escrever é perda de tempo, mas quem sou eu sem o meu próprio tempo rabiscando frases estranhas que surgem nas entranhas em meio a teias de aranhas, dissimulando façanhas que o tempo há de esquecer. Talvez eu deixe de lado os sentimentos, pois sentir é pra quem tem coração, alma pura e olhos brandos de amor, mas quem sou eu se não o próprio amor desfigurado em meio a tanto ódio disfarçado.Talvez eu deixe de andar entre as flores e não sinta mais o aroma que dilui dores, mas quem sou eu se não apenas um jardim de flores secas, esperando pela chuva fina e fraca que espalha pela terra alegrando as pétalas rusticas e dissecadas pelo sol. Talvez eu largue a poesia, pois o belo tem pouco espaço nessa história, não se tatua na memória, não toca mais um coração, ficou perdido entre as certezas e toda contradição.

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